Vão Breves Passando
Vão breves passandoOs dias que tenho.
Depois de passarem
Já não os apanho.
De aqui a tão pouco
Ainda acabou.
Vou ser um cadáver
Por quem se rezou.
E entre hoje e esse dia
Farei o que fiz:
Ser qual quero eu ser,
Feliz ou infeliz.
Passaram 70 anos sobre a morte de Fernando Pessoa, a par de Luís de Camões o maior poeta português de sempre. Esta efeméride trouxe para o domínio público as suas poesias pela segunda vez. Este é um serviço de domínio público! Mas recomendo a todos a compra de livros, porque livros são história, são vida, são sentimentos. Comprem livros, leiam livros!!!
Vão Breves Passando
Vão breves passandoVerdade, Mentira (Alberto Caeiro)
Verdade, mentira, certeza, incerteza...
Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras.
Estou sentado num degrau alto e tenho as mãos apertadas
Sobre o mais alto dos joelhos cruzados.
Bem: verdade, mentira, certeza, incerteza o que são?
O cego pára na estrada,
Desliguei as mãos de cima do joelho
Verdade mentira, certeza, incerteza são as mesmas?
Qualquer cousa mudou numa parte da realidade — os meus joelhos e as minhas mãos.
Qual é a ciência que tem conhecimento para isto?
O cego continua o seu caminho e eu não faço mais gestos.
Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual.
Ser real é isto.